PROGRAMA DA DISCIPLINA IDENTIDADES E SOCIABILIDADES

Mestrado e Doutorado em Ciências Sociais da Universidade do Vale do Rio dos Sinos -UNISINOS (oferecido em 2021-II e 2022-II)

Programa da Disciplina executado em 2021-II e 2022-II

EMENTA: Estuda as práticas sociais relativas à vida cotidiana e suas dinâmicas de interação e sociabilidade. Considerando a cultura em sua dimensão vivida, de partilha ou de disputa no interior da sociedade, analisa as lógicas identitárias e de sociabilidade operantes nos processos de pertencimento social, de desfiliação e de exclusão de grupos e indivíduos.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS:

  1. PROLEGÔMENOS, REFERENCIAIS E MATRIZES TEÓRICAS DE LEITURA: Revisitando a conceituação de identidades e sociabilidades. O tema do sujeito individual na sociologia. Leitura a partir de diferentes perspectivas sociológicas: dinâmicas do sujeito individual, movimentos sociais e campos de atividades. Horizontes históricos para entender identidades e sociabilidades no Brasil: a) capitalismo, colonialismo, patriarcalismo; b) as três origens matriciais culturais: autóctones/indígenas, afrodescendentes/negros, europeus/brancos. Interacionismo simbólico, sua importância e limites. Cultivo da atitude fenomenológica compreensiva na sociologia. (Reconhecimento; Identificação; Narrativas; Biografia; Projeto; Autonomia; Alienação…).
  • FOCO NO COTIDIANO SEGUNDO ESFERAS DE RELAÇÕES SOCIAIS: Identidades e sociabilidades: – segundo o cotidiano nas diferentes formas de solidariedade, “comunidade e sociedade”; – segundo padrões de comportamento e desvios (“outsiders”); – segundo o cotidiano das relações de classes e outras formas de dominação/subordinação, desigualdades sociais, “ralé” e “elite”; – segundo o cotidiano das relações étnico-raciais (“políticas de branqueamento” no Brasil e “educação das relações étnico-raciais”); – segundo o cotidiano das religiões/religiosidades (diálogos e intolerâncias); – segundo relações ambientais e organização do espaço urbano (“violência cotidiana”, “racismo ambiental”); – segundo “conjugações” algorítmicas e bolhas de comunicação.
  • CONHECIMENTO, DESCOLONIZAÇÃO DAS MENTES E TRANSDISCIPLINARIDADE: Produção do conhecimento; relações acadêmicas e seus rituais; meritocracia em debate; cultura afirmativa e descolonização das mentes. O “mundo” da comunicação e redes sociais. Os diferentes níveis de incidência: nas produções de conhecimento; nas instâncias de decisão; na vida e práticas cotidianas. Ensaios para refletir sobre o paradigma da “ecologia integral”.

PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO – Produzir-se-á uma circularidade de aprendizagem envolvendo ao longo de todo o semestre os três blocos de produção de conteúdo: (A) matrizes teóricas, (B) esferas de relações, (C) produção de conhecimento. Os encontros serão em modo presencial remoto via TEAMS. [Por decisão favorável da UAPPG, não será presencial-simultâneo, ou seja, presencial no campus e online, via TEAMS, simultaneamente, cfr. Instrução Normativa, UAPPG, 01/2021, art. 14]. Os três professores participarão em todas as atividades, no modo presencial remoto on-line. Será avaliado o desempenho na apresentação de leituras, capacidade de apreensão e síntese do pensamento dos autores. Todos os encontros semanais estarão divididos em quatro momentos: 1) um momento de memória síntese; 2) um momento de “apresentação sistemática de conhecimentos a partir de autores previamente estabelecidos”; 3) um momento de “mesa de leitura”; e 4) um “momento de construção criativa” (*). Será também avaliado o empenho na busca de fontes e de autores não previamente indicados, bem como o empenho na participação em todos os momentos dos encontros. Além disso, haverá um trabalho final escrito, focando alguma das temáticas presentes nos três grandes blocos temáticos, como pequeno ensaio para um artigo de publicação. [(*) Ao longo do semestre serão sugeridos outros textos, como, também, serão indicados vídeos disponíveis on-line, como apoios complementares].

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA:

  • APPIAH, Kwame. Identidade como Problema. In SALLUM JR, Brasílio; SCHWARCZ, Lilia Moritz; DIANA, Vidal; CATANI, Afrânio (orgs). Identidades. São Paulo: EDUSP, https://tonaniblog.files.wordpress.com/2019/03/identidade-como-problema.pdf
  • BAUMAN, Zygmunt; MAY, Tim. Aprendendo a Pensar com a Sociologia. [Introdução: A sociologia como disciplina, pp. 11-30; Cap. 1: Alguém com os outros, pp. 33-50]. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
  • BRANCALEONE, Cassio. Comunidade, Sociedade e Sociabilidade: revisitando Ferdinand Tönnies. Revista de Ciências Sociais. Vol. 39, n. 1, pp. 98-104, 2008.
  • CASTELLS, Manuel. O Poder da Identidade. [Cap. 1: Paraísos Comunais: Identidade e significado na sociedade em rede, pp. 53-122]. Tradução de Klaus Brandini Gerhardt. 9ª ed. ampliada e revisada. São Paulo: Paz e Terra, 2018. https://tonaniblog.files.wordpress.com/2019/05/o-poder-da-identidade.pdf
  • DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. [Cap. 1: O legado da escravidão: parâmetros para uma nova condição da mulher, pp.15-41]. São Paulo: Boi-Tempo, 2016.
  • DUBAR, Claude. A Crise das Identidades: A interpretação de uma mutação. Porto: Edições Afrontamento, 2006. https://wp.ufpel.edu.br/franciscovargas/files/2018/09/Livro-dubar_claude_a_crise_das_identidades.pdf
  • FANON, Frantz. Pele Negra e Máscaras Brancas. Salvador: Edufba, 2008. https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Frantz_Fanon_Pele_negra_mascaras_brancas.pdf 
  • FEDERICO, Roberta Maria. Identidade Negra: As abordagens dos estudos culturais da afrocentricidade. Revista Pensando Áfricas e Suas Diásporas. NEABI, UFOP, Mariana, MG v. 1, n. 1, jan.-jun. 2016  www.periodicos.ufop.br/pp/index.php/pensandoafricas
  • FOLLMANN, José Ivo (coord.) et alii. Processos de identidade, relações étnico-raciais e relações religiosas. (Coleção do NEABI: Refazendo Laços e Desatando Nós – Vol. 4). São Leopoldo: Casa Leiria, 2017 (Edição corrigida-revisada em 2021). E-book: http://www.casaleiria.com.br/acervo/neabi/vol4/processos_de_identidade.html#
  • MUNANGA, Kabengele. Questão da diversidade e da política de reconhecimento das diferenças. Revista Crítica e Sociedade: revista de cultura política. V. 4, n. 1, dossiê: Relações Raciais e Diversidade Cultural, julho 2014. Pp. 34-45 http://www.seer.ufu.br/index.php/criticasociedade/article/view/26989/14725
  • SANTOS, Boaventura de Sousa. O Fim do Império Cognitivo; A afirmação das epistemologias do Sul. [Introdução, pp. 17-38; Cap. 1: Percursos para as epistemologias do Sul, pp.41-63]. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
  • SCHÜTZ, Alfred. A Construção Significativa do Mundo SocialUma introdução à sociologia compreensiva (Tradução: Tomas da Costa). Petrópolis: Vozes, 2018 (Acervo livros eletrônicos biblioteca Unisinos) http://www.biblioteca.asav.org.br/biblioteca/index.php
  • SILVA, Tomás Tadeu da. A Produção Social da Identidade e da Diferença In: SILVA, T. T. (org). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 11 ed. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 73-101.
  • SOUZA, Jessé. Subcidadania brasileira. Para entender o país além do jeitinho brasileiro. [Parte III: Subcidadania como singularidade brasileira, pp. 217-256].  São Paulo: Ed. LeYa, 2018.
  • VELHO, Gilberto. Individualismo e Cultura. Notas para uma Antropologia da Sociedade Contemporânea. [Cap. I: Projeto, emoção e orientação em sociedades complexas, pp.13-37]. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:

  • AGIER, Michel. Distúrbios identitários em tempos de globalização. Revista MANA, Rio de Janeiro: UFRJ, 7(2):7-33, 2001. https://www.scielo.br/pdf/mana/v7n2/a01v07n2.pdf
  • ALIER, Joan Martínez. O ecologismo dos pobres. Conflitos ambientais e linguagens de valorização. [Cap.1: Correntes do ecologismo, pp.21-39; Cap.8: A justiça ambiental nos Estados Unidos e na África do Sul, pp.229-262]. São Paulo: Editora Contexto, 2007.
  • BARTH, Fredrik. O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. [Os grupos étnicos e suas fronteiras, pp. 25-68]. Rio de Janeiro: Contracapa, 2000, p. 25-68.
  • BECKER. Howard S. Outsiders: Estudos de sociologia do desvio. [Cap. 1: Outsiders, pp. 17-32; Cap. 2: Tipos de desvio: um modelo sequencial, pp. 33-51]. (2ª ed. Ampliada) Rio de Janeiro: Zahar, 2019.
  • CASAGRANDE, Cledes Antonio. Interacionismo Simbólico, Formação do Self e Educação: Uma Aproximação ao Pensamento de G. H. Mead. Revista Educação e Filosofia.  v.30 n.59 jan./jun. 2016. http://dx.doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v30n59a2016-p375a403
  • DELUCA, Gabriela; ROCHA-de-OLIVEIRA, Sidinei; CHIESA, Carolina Dalla. Projeto e Metamorfose: Contribuições de Guilherme Velho para Estudos sobre Carreiras. RAC – Revista de Administração Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 20, n. 4, art. 4, pp. 458-476, jul./ago. 2016. https://www.scielo.br/pdf/rac/v20n4/1982-7849-rac-20-4-0458.pdf  
  • FOLLMANN, José Ivo. O Brasil religioso, pós-modernidade e processos de identidade. In: Carlos A. Gadea; Eduardo Portanova Barros (Org.). A “questão pós” nas ciências sociais: crítica, estética, política e cultura. Curitiba: Appris, 2013, p.231-249.
  • GADEA, Carlos A. O Interacionismo Simbólico e os estudos sobre cultura e poder. Rev. Sociedade e Estado. Vol. 28, n° 2, Brasília, 2013. https://doi.org/10.1590/S0102-69922013000200004https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922013000200004
  • GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. [Introdução, pp. 11-24; Cap. I: Representações, pp. 25-75]. Petrópolis: Vozes, 2002.
  • LEFF, Enrique. A Aposta pela Vida; Imaginação sociológica e imaginários sociais nos territórios ambientais do Sul. [Cap. 5: Desvanecimento do sujeito, reinvenção das identidades coletivas e reapropriação social da natureza, pp. 369-428]. Petrópolis: Ed. Vozes, 2016.
  • PERRUCCI, Abramo. Identidade e reconhecimento em Charles Taylor. Revista BAGOAS, UFRN-CCHLA, n. 09, 2013, pp.323-356.
  • PINHEIRO, Adevanir Aparecida. O Espelho Quebrado da Branquidade. São Leopoldo: Editora Casa Leiria, 2014 / Curitiba: Editora Appris, 2019 (re-edição). E-book: http://repositorio.unisinos.br/neabi/espelho/o_espelho/assets/common/downloads/publication.pdf 
  • SIMMEL, Georg. 1. Como as formas sociais se mantém; 2. O problema da Sociologia. In: Evaristo Moraes Filho. Georg Simmel: Sociologia. (Coleção Grandes Cientistas Sociais, nº 34). São Paulo: Ática, 1983, pp. 46-78.
  • VELHO, G. 2000. Individualismo, anonimato e violência na metrópole. Horizontes Antropológicos. UFRGS, Porto Alegre, 3:15-26. https://www.scielo.br/pdf/ha/v6n13/v6n13a02.pdf
  • VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio.Revista Mana, Rio de Janeiro: UFRJ, vol.2, n.2, pp. 115-144, 1996. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93131996000200005http://dx.doi.org/10.1590/S0104-93131996000200005

OBSERVAÇÃO: Sobre acesso às bibliografias sem link publicado, pode ser feito contato com o professor via e-mail.

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